Juventude

Quando eu era jovem,

não pensei que um dia envelheceria.

Era tudo tão bom, tão normal ser jovem,

não pensei que mais tarde, eu não seria mais quem eu era.

Não pensei que o tempo passaria,

e eu não teria mais o mesmo sorriso,

o mesmo rosto, as mesmas crenças, nem as forças.

Não parei para pensar que tudo mudaria,

que os dias já não teriam o mesmo brilho,

ou eles brilhariam de forma diferente.

Não me importei com os meus sonhos,

sonhava, mas não acreditei neles.

As luas, eram sempre as mesmas luas,

os sóis, claro que brilhavam, eu nunca me importei,

porque eles brilhavam, de qualquer maneira.

Até meus amigos estavam todos ali,

não sabia que o tempo afastaria quase todos.

Quando era jovem,

a vida era tão leve, eu não precisava me preocupar,

tinha quem se preocupasse por mim, quem me cuidasse.

E, a vida passou,

o castelo de areia que eu havia construído, ruiu.

As luas continuaram a aparecer nas noites,

os sóis sempre nasceram aos amanheceres.

Eu deixei de ser jovem,

não realizei todos meus sonhos,

deixei passarem.

Quando eu fui jovem,

não sabia que um dia deixaria de ser,

hoje sou uma jovem que deixou de ser,

não sei se terei tempo para realizar os sonhos

que ficaram pelo caminho, mesmo sabendo

que sempre há outros sonhos a realizar.

Fiz o que pude,

dentro do que pude, e

tenho boas razões para sentir-me feliz.

E, se a jovem que fui me perguntasse agora,

- o que queres da vida?

Eu responderia:

- VIVER!

Hari Trindade