.
Um suntuoso véu carmim,
aveludado e sereno,
Recobre o fio de luz que ousa percorrer
A alma da noite:
Como acortinado tecido tejo
Que esconde tuas alvas curvas quando me amas,
Lustrando frestas de sombras e
de sol
Sobre o infanto oceano de meu
Coração.
Como quem contempla o céu
Põe-se a espia-lo,
Poema apergaminado de espirais lustrosas,
O ser inocente
deitado sobre a lua.
Escreve-se, aos teus olhos,
um jardim
De flores tímidas,
Rimando, maravilhosamente rimando,
as dores de minhas noites,
Fugidias aflições da alma solitária e
A pantanosa ressaca da manhã medrosa.
A inocente criança que repousa à delicada leitura de tuas formas,
Admira a beleza de seus versos
Sem, talvez, compreender.
Ou, talvez, compreendendo que
A beleza
Não necessariamente descreve o magnato ser infalível,
colossal Deus sereno que se não toca, se não vê,
Mas sim
Rompe da maravilhosa grandeza,
Das estrelas
Que caem.
[porque caem as estrelas do céu
sei que também eu:
cadente poeira dos astros,
Sou feita da mesma matéria
E me uno
em sua natureza].