PALAVRAS SILÊNCIO
Tenho a intuição de invisíveis palavras sem voz.
Sei que há algo indizível no dito
que escapa a voz,
pois não descreve o mundo,
nem segue o pensar.
Não cabe no concebível
da ordem de todos os discursos.
Mas cria o não lugar
de ditos
indigentes e vadios,
que inventam afetos,
imagens,
e modos outros de existência.
Contra todas as gramáticas
que governam o mundo,
tais palavras silêncio
escrevem mudas outras realidades.
Elas não representam coisas,
nem raciocínios ocos.
Elas não dizem nada.
Apenas passeiam
e sonham
reinventando a voz
enquanto um texto dorme na boca
escapando a toda identidade.