PALAVRAS SILÊNCIO

Tenho a intuição de invisíveis palavras sem voz.

Sei que há algo indizível no dito

que escapa a voz,

pois não descreve o mundo,

nem segue o pensar.

Não cabe no concebível

da ordem de todos os discursos.

Mas cria o não lugar

de ditos

indigentes e vadios,

que inventam afetos,

imagens,

e modos outros de existência.

Contra todas as gramáticas

que governam o mundo,

tais palavras silêncio

escrevem mudas outras realidades.

Elas não representam coisas,

nem raciocínios ocos.

Elas não dizem nada.

Apenas passeiam

e sonham

reinventando a voz

enquanto um texto dorme na boca

escapando a toda identidade.

Carlos Pereira Junior
Enviado por Carlos Pereira Junior em 22/10/2021
Reeditado em 22/10/2021
Código do texto: T7369436
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