DOIS PÁSSAROS

Dois pássaros brancos

Em voo subliminar.

Dois pássaros de cor

Indefinida, presos

Numa gaiola fictícia.

Dois homens de joelhos,

Frente a frente. Um

Pecou; o outro, não.

Mas ninguém confessa:

Um ou outro. Não há

Perdão, nem súplica.

Dois caracóis na areia.

O mar é de sal; sinto

Na ponta da língua, no

Meio, no fim. A areia

É formada por minúsculos

Grãos, impossíveis de contar.

Dois paraquedas, três

Pessoas. Bem que podiam

Ser três paraquedas, duas

Pessoas. Ou melhor,

Se tivéssemos asas,

Não faria falta o avião.

João Barros
Enviado por João Barros em 20/10/2021
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