DOIS PÁSSAROS
Dois pássaros brancos
Em voo subliminar.
Dois pássaros de cor
Indefinida, presos
Numa gaiola fictícia.
Dois homens de joelhos,
Frente a frente. Um
Pecou; o outro, não.
Mas ninguém confessa:
Um ou outro. Não há
Perdão, nem súplica.
Dois caracóis na areia.
O mar é de sal; sinto
Na ponta da língua, no
Meio, no fim. A areia
É formada por minúsculos
Grãos, impossíveis de contar.
Dois paraquedas, três
Pessoas. Bem que podiam
Ser três paraquedas, duas
Pessoas. Ou melhor,
Se tivéssemos asas,
Não faria falta o avião.