BREVE ENSAIO DE PARTIDA

Depois de muito ficar

Da estupidez de criar raízes

Recobrei os sentidos

E dei-me conta que nasci para voar

Assim, irei

Desconhecendo as fronteiras

Pelas fendas das florestas

Pelo sol e sal marino

Sem nunca mais fazer ninho

E parar, só por enquanto

Para frugal e breve descanso

Ou mesmo para me encantar

Mas nunca para ficar

Porque a estagnação desgasta

Minha alma de poeta

Que anseia ebulição

Que clama evolução

Em destino navegante

Em vôo de colibri

Quero a rosa mais distante

Mas também me queira a rosa

Apenas como um passante

Apenas como um menino

Em asa de passarinho

Não serei o donatário

De capitania alguma

Ser asa, leveza e bruma

Já me faz bem resolvido.