Vozes
Não posso mais ouvir sua voz...
talvez eu nunca mais vá ouvi-la.
mas o que importa hoje
são as vozes
dentro da minha cabeça
falando de solidão,
de frio,
de cansaço.
vozes que nunca param,
e sempre reclamam
que a janela está aberta
numa noite de chuva.
que reclamam dos boletos que esqueci de pagar
da minha barba sempre por fazer.
Você lembra? Quando nada disso importava?
Quando você ficava de joelhos na minha cama
e dizia que não queria dormir,
em plena madrugada.
Oh Deus,
eu daria tudo por um pouco mais
daquilo.
Mas as vozes insistem em dizer
que havia algo errado
naquela loucura
que vivemos.
Tanto faz.
Ainda está chovendo lá fora,
e meu coração segue
batendo desesperado,
sem consideração alguma
pela minha sanidade
ou pela falta dela.
E minha mente
desliza por possibilidades
e por lembranças
e sensações
que ficaram no passado.
Talvez eu nunca mais vá ouvir
o sussurro apaixonado,
que você costumava gemer
naquela hora.
Mas as vozes insistem em dizer,
a mesma coisa,
desde que você foi embora,
“antes estar só
do que enganado”.