Há Uma Coisa no Ar

Será o fantasma

que se faz por falta de amar?!

Será as assombrações

da rua em seu limbo?!

Ah, que coisa será?

Há uma coisa no ar.

Haverá de ser o neurótico de guerra

cujo tiro se perdeu no ar?!

Haverá de ser a modista

cujo vestido de noiva se perdeu

nos alinhavos mal dados?!

Ah, que coisa será?!

Há uma coisa no ar...

Ah é só a memória

do cronista – ou será só Poesia – que esqueceu-se do ponto final!

Será? Será?

É a flor de tanto “será” que brotou em cera.

Flor de cera.

Leonardo Lisbôa

Caderno Pensamento

Barbacena, 23/06/2018

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