Outra vez, de novo

Pelo inédito obcecado

Arriscou-se mais uma vez

Um caminho nunca pisado

Algo que nunca fez

E repetia inconscientemente

A receita para sua criação

Espremendo sua mente

Madrugada adentro, caneta na mão

Seria o fim do poeta

Tristeza inspira suspiração

Num labirinto de Creta

Sem um fio de novelo no chão

Será que faria algum sentido

Ficar batendo na mesma tecla

Se tornando repetitivo

Contando ao mundo o que lhe afeta

Quem sabe na melodia da vida

Fosse, da lamentação, o momento

E cutucar a ferida

Fizesse parte do tratamento

Esperando a grande virada

Para gritar com força o refrão

Aquela alegria guardada

Entrando em erupção

E quando o sono chegou

Sem um texto, legado para o eterno

Pela tentativa se perdoou

Mas tinha mais do mesmo naquele caderno