onde esteve,

onde esteve a noite passada?

onde esteve a semana passada

o mês passado

o ano passado

onde esteve nos últimos dez anos,

onde esteve há 16 anos,

ladro, grito, me esfolo

e que existe? a pedra na

janela onde encosta seu retrato

o quarto do mesmo jeito

meu ar desenganado,

onde esteve quando esteve

onde esteve quando abraçava

onde esteve quando me amava,

nada importa, aquela pobreza

pra mim bastava,

faço o café esquento o pão

faço da casa o seu retalho,

limpo os pés antes de entrar

não sei fazer aquela cara do

espelho, quem é esse cara que

vejo? onde esteve quando esse

era outro, e agora, onde está

quando a pedra está morta, seu

retrato foi guardado, perdi minha

identidade, e consumi na rua a

bebida dos cansados, quando saio?

se você nem entrou, quando danço

se você nem dançou, quando entro

se você nunca entrou, guardo a caixa

antiga, não antes de tirar o pó que

se juntou, pó que começou há tempos

e onde me diz quem sou, onde esteve

enquanto esse pó se formou?

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 18/10/2021
Reeditado em 18/10/2021
Código do texto: T7366644
Classificação de conteúdo: seguro