onde esteve,
onde esteve a noite passada?
onde esteve a semana passada
o mês passado
o ano passado
onde esteve nos últimos dez anos,
onde esteve há 16 anos,
ladro, grito, me esfolo
e que existe? a pedra na
janela onde encosta seu retrato
o quarto do mesmo jeito
meu ar desenganado,
onde esteve quando esteve
onde esteve quando abraçava
onde esteve quando me amava,
nada importa, aquela pobreza
pra mim bastava,
faço o café esquento o pão
faço da casa o seu retalho,
limpo os pés antes de entrar
não sei fazer aquela cara do
espelho, quem é esse cara que
vejo? onde esteve quando esse
era outro, e agora, onde está
quando a pedra está morta, seu
retrato foi guardado, perdi minha
identidade, e consumi na rua a
bebida dos cansados, quando saio?
se você nem entrou, quando danço
se você nem dançou, quando entro
se você nunca entrou, guardo a caixa
antiga, não antes de tirar o pó que
se juntou, pó que começou há tempos
e onde me diz quem sou, onde esteve
enquanto esse pó se formou?