Visagem
Meu teto é o tempo
O cobertor é o céu
Minha passarela é o nada
Em mim não há morada
Movediço, o toque é fatal
Nas construções, muros, paredes...
Até no ar estou
Invisível caminho nos olhos indiferentes
Uso perfume barato
À venda em qualquer esquina
Ou desses jogados fora, recolhido do lixo
Minha alma apavora a mesmice
Meu corpo disforme dissolve no teu olhar
Sou feito de areia
Incômodo nos teus sapatos
Tuas mãos me afastam de teus ombros
Outras mãos me jogam em tua última morada
Vermes, irmãos de todas as horas procriarão na tua podridão
Meu teto é o tempo
O tempo não me consome
Não há como fugir
Meu cobertor muda de forma
Minha estrada é o vazio
O olhar do teu umbigo