Memórias
Você sabe.
eu sei.
que nunca daria certo.
E na verdade
nunca deu,
quando tentamos,
se é que tentamos de verdade.
O tempo passa e eu me pego sempre pensando
no que foi, e no que nunca aconteceu.
Será que de fato eu fui seu?
será que você me quis
além das camas em que deitamos?
Os lençóis já não têm o seu cheiro
mas no meu peito permanece o espaço
que você não preenche mais.
O que posso fazer, meu amor?
enquanto as horas vão se arrastando
nas noites em que o sono insiste em não chegar.
talvez eu tenha sido um cara de sorte
por ter você na minha vida
por ter perdido o sono
e varado noites acordado
entre suas pernas.
Mas você não sabe,
e talvez nunca vá saber
que nas rasuras dos meus textos
ainda resta muito de nós dois.
Não sei o que fazer
com os pedaços
que sobraram da nossa história
como fotos espalhadas pelo quarto.
Por isso rumino tanto
e me lamento
nos versos que ainda escrevo.
Posso ter te perdido, enfim,
mas a maior tragédia para mim,
foi não ter perdido também
a minha memória.