Desafeto
No trágico naufragar da alma,
Onde batem as ondas, sem chama,
No choro do rouxinol,
No mar que devolve vazio cada anzol,
Onde o silêncio pesa mais que uma mol,
Do ar que não nutre o pulmão,
Da emoção fria envenena o coração,
A razão torna-se refuga,
A dor é ubíqua,
Arrancando as vísceras,
Onde falecem as primaveras,
Na mistica noite sem eira,
O silêncio mata a caneta do aprendiz,
Que tende rimar fora da mesma matriz,
Tornado nula a prosa do olhar,
Que busca paz na infinidade do a(mar),
De um mundo canibal dos sonhos,
Dos inflamados egos,tristonhos,
Da podridão da carne sem sentimentos,
Que exibem migalhas em todos os momentos,
Perdendo o amor, em virtude do ódio,
Talvez, jamais verás olhos sinceros,
Se não espelhos quebrados de uma almas em tormentos,
Tantos rostos em desesperos,
Talvez, jamais ouvirás palavras doces,
Pois, línguas cospem venenos,
E os beijos sabem a fel,
Azedando na boca todo o mel,
Da realidade que hoje nos circunda (...)
(M&M)