duração

o tempo: passado

que tromba o futuro

e desse embate, surge

o presente, ardente:

erupção de sangue quente

Estou no terceiro round,

mesmo perdendo os dois primeiros,

e pelo andar da carruagem.

quem sabe, sairei do outro

lado, mais cansado que caixeiro,

quando a boca do tempo

se abrir e suas palavras

cheirando à bafo de sátira

dizer, é velho, me parece

cansado, apenas responderei:

em criança, não sei, em juventude,

talvez, adulto, angústia, agora,

seu fruto, sua obra quase terminada,

quanto tenho de tempo?

tempo não se mede, mesmo

que tenhamos relógios: os

de pulso, da igreja

das praças e dos cartórios,

tempo é qualidade, é pulso

interminável, quem sabe,

realidade, que mal posso

falar do tempo: sendo ele:

o queimar da minha carne?