Noturno II
Escrevo na esperança de que a dor vá embora.
De que algo se movimente internamente e dê lugar a outra coisa que seja.
Qualquer coisa.
É pra expurgar a escória.
É pra transformar que aprendi a escrever.
Só escrevo quando algo me afeta visceralmente.
Desta vez, resisti a escrita, confesso.
Leio coisa outra pra ver se algo inspira.
Se não inspira pra escrever, quiçá inspira pra viver.
Não tem funcionado.
Nada ficou por dizer, talvez por isso me faltem palavras.
Não se esgotam, mas se foram ditas, cumpriram a sina.
Talvez caiba dizer de um jeito outro.
Silenciando.