pré-borboleta

dentro do casulo

a borboleta já se sente

desconfortável, no entanto

ainda é frágil, não consegue

romper as fibras de sua morada,

sente raiva, sente medo de não

conseguir, a espaço é pequeno.

apertado, mal se pode movimentar.

já sabe que é um borboleta,

que o seu destino é o céu, os ramos

dos arbustos, o anteparo da

a claridade acalentada do sol,

voar baixo voar rápido, fazer

zigue-zaque, pousar quando

lhe aprouver, ser não apenas

apenas a borboleta, mas também

o movimento e a beleza, já

se sabe voo, já se sabe sol, flor,

o tamanho de sua envergadura,

como ela sabe? à própria vida

já lhe avisou e isso a fez ansiosa

tremendamente desejosa de ser

que é pra ser, no entanto, sabe-se

também espera, paciência, balde

de uma força mítica e de uma

dor, que não mais suporta,

se sente, sabe-se mais escuro que

o destino, mais prisão que o vão

livre, tenta relaxar, como? se já

imagina o que lhe espera; as flores e seu néctar,

faz força, se explora, se cansa, se

desespera, a borboleta ainda não é,

mesmo se antecedendo a primavera,

e se alguém quiser ajudar e abrir

o casulo, sairá como a criança que

anda, mas na hora certa não a deixaram

engatinhar,