Destino
Maliciosa intimidade.
Convincente sorriso.
Sentimo-nos à mercê de teus caprichos.
Pureza vazia de tua alma.
Estridente som de tua violência a impedir sonhos.
Aceitar-te...?
Loucura dissociante.
Choro tua insensibilidade egoísta.
Estranho tua extrema sensibilidade às razões próprias.
Sei que também choras, mas nunca por alguém além de ti.
Como podes ser tão covarde e ao mesmo tempo crer-te tão santo?
Somos reciprocamente alienígenas.
Tua frieza é estranha a nós.
Nosso sofrimento é impossível a ti..., muito mais o dela.
Que dizer do amor que não (re)conheces, sobretudo o dela?
A "sabedoria" de alguém que admiro disse-me que falar sobre ti tornar-me-ia você.
Ser teu espelho seria sofrer duas vezes.
Toma tua imagem.
Mergulha e recolha as migalhas que mendigaste ao longo de tua existência ficta.
Abraça-nos destino!
Já não sabemos quando és tu e quando somos nós, quem dirá ele que teria a função de nos conduzir, mas que, crendo-se vítima, nos perturba a marcha diuturnamente.
Não podemos mais seguir como hipócritas acreditando-nos senhores de nossas próprias vidas, quando guiados somos por forças ancestrais dilacerantes.
Perdoa-nos, Destino! Em algum momento tomaremos a decisão: abraçaremos a ti entendendo que somos parte de tua própria vida ou te abandonaremos à tua própria sorte em nome do respeito e reverência a ti.
Em qualquer dos casos, não saberemos o que querias de nós.
Mesmo que nos pergunte o que deves fazer ou para quem deves ligar.
Eis que a vida só quer de nós é coragem, certo, Riobaldo?
Ipatinga, 12 de outubro de 2021.