Para João Cabral de Melo Neto.


Escrever se limita com catar feijão
É separar o joio do trigo
E o amargo do coração.
É fazer de uma só linha continente
Botar um sorriso na cara dessa gente
É ousar e brincar de viver.


Escrever é sonhar nos enredos, tempo
Desenhar sorrisos no pensamento
Mirar horizontes de ilusão.
É saber botar o universo no peito
Esquecer os erros e os defeitos
Dos pais, dos filhos, dos irmãos.

Escrever é escutar o lamento
Que se lamenta em todos os silêncios
seja do mar, do céu, do vento.
É abrir os braços à vida
E deixar que ela de pouquinhos nos diga
Sobre o infinito e o firmamento.

É por conta de tudo isso que amo
Cada linha que traço, cada verso que rimei.
Porque são todos pequenos passos
Nas estradas do meu braço
Na vida que sempre sonhei.


* Poema escrito em 1979.

Crédito da imagem; https://m.facebook.com/Frases-de-um-Cora%C3%A7%C3%A3o-Apaixonado-253391444698299/