SOPA DE LETRINHAS

O prato de sopa estava na minha frente.

Os macarrões, nadando, formavam um nome.

Demorei para entender o que estava escrito.

Soletrei, reli, mudei de lugar os macarrões,

não estava totalmente claro.

Alguns se afogavam, outros vinham no lugar,

mudavam o nome, alarme: estava nervoso.

A sopa esfriava e os macarrões já não

nadavam de braçada, estavam estáticos.

Um nome apareceu, suscinto, alvo, claro.

Minha alegria voltou à tona, espevitada.

Li e reli, trireli, balbuciei o nome, feliz.

Num ato de fome de amor, te comi.

Um grão de trigo

por baixo do umbigo

anda comigo