O PECADO.
Chove, a chuva que cai aqui,
é mar chovendo em mim,
rangem dentes,
quebram ossos,
carne carcomida
pelo pecado que criou.
Coisa horrível é o pecado,
dói a dor da rebeldia,
esconde-se do olho do humano,
mas do de Deus não é possível,
corta a carne o chicote
deste Deus cruel e punitivo.
Quem criou esta maldade,
deste Deus controlador,
que ao mesmo tempo que pune,
sopra dando alivio à dor,
é de fato um Deus de bondade,
ou a figura do terror?
Quem de fato criou a imagem,
deste Deus consolador,
que só nos recebem em teus braços,
se humilhar ao senhor?
Ele olha lá do alto,
e anota o donativo
que o miserável lhe ofertou.
Enfim tudo definido
para chegar-se ao céu,
pra receber as benesses
por ter sido um bom fiel,
o clero tem o poder de fazer
tal relatório,
e Deus entregar a tais almas
ao purgatório,
onde ficam os pecados
dos tempos de outrora.
Quem criou este Deus que aceita
a tortura,
que ouve calado os gritos
das almas das criaturas?
Se o vigário perdoar
os pecados que não são seus,
a pobre alma voa alto
e senta ao lado de Deus.
Quem criou este pavor
que pregam as religiões,
que faz do humano um pedinte
em nome de bom cristão.
Este Deus que faz milagres,
através das orações,
não pode ser um carrasco,
açoitando gerações.
Alguém criou essa anedota,
que atribui ao senhor.
Se não dar uns trocados,
e humilhar ao Deus criador,
se aprofunda no pecado,
e o que resta ao coitado,
é arder em chamas forte,
sob os olhos do salvador.
Devo temer o pecado,
pagar a quem me perdoou,
ou negociar com Deus,
sem o intermédio do gestor?
O pecado é um bastão
que ameaça os cristãos,
em nome do criador.
Tudo isso é uma maldade,
é a mais cruel vaidade,
que pregam os falsos pastores.