ADEUS ESTÁVEL
ADEUS ESTÁVEL
O adeus, já gasto pelas palavras em público,
Quando o amor já não fica,
Chega como um afastamento frio,
Onde tudo é feito de silêncio.
O olhar, com sabor de lágrima,
Toca, sem força,
As horas e as pedras,
No desvio de esperas inúteis.
Posicionado, o encontro com o nada,
Antigo, já não tem o que dar.
O outro, como uma coisa sem vez,
Diz do naufrágio da esperança,
E acredita que está próximo de uma qualquer possibilidade.
O tempo secreto,
Do físico abrigo,
Na realidade de hoje,
Apenas na verdade de um já,
E no agora da passagem absoluta,
Antecipa certezas.
O estremecimento murmurado e nomeado,
Mental, por dentro do que há,
Pede a sede de um passado envelhecido,
E, ainda assim, estável.
Sofia Meireles.