ABORRECIMENTO MELANCÓLICO
ABORRECIMENTO MELANCÓLICO
A melancolia dos episódios,
Fala, sem nostalgia,
De todos os caminhos amigáveis,
Que se calam,
Ao redor da cobertura grosseira das recordações.
O atraso do andar desolado,
Nomeia a metade angelical do outro,
Para acariciar o apego total à rigidez.
A viagem sem volta se esquece,
Da umidade, sedenta por secura,
Que olha para a brincadeira,
Para alimentar-se de uma inquietude,
Silenciada pelo desassossego.
No coração da ternura,
O sempre pontua o sopro da suavidade,
Esfumado ante uma fortaleza próspera,
Por amar, preferencialmente, o poder.
A antiguidade vive habitualmente,
Onde os feitos do tempo,
Pisam sem ruído,
Em pretensões atuais.
A dor solitária,
Gasta os dias,
Cuspidos pela amargura,
Para sentir-se acompanhada.
A língua sem toque pronuncia as horas,
De um amanhecer grandioso,
Para consolidar-se no aborrecimento.
Sofia Meireles.