LAMENTO DE OUTONO

Das árvores as derradeiras folhas,

amarelas, ressequidas,

caem lentamente

ao sopro do vento outonal.

No solo que lhes deu vida

tecem um tapete floral,

à espera do sonho

que um dia virá,

depois que o inverno

o lençol levantar

e a primavera de novo voltar.

Em mim o outono

é bem mais cruel,

deixando impiedoso

as marcas profundas

de sonhos desfeitos,

de amores sofridos,

da vida vivida

no seu dia-a-dia.

E se o inverno acaso chegar

do que fui nada mais vai restar,

que a primavera perdida no tempo

nunca mais, nunca mais,

há de tornar.

Celina l986