HÁ MONSTROS DE OLHOS AZUIS
Há monstros que têm os olhos azuis,
Como há heróis de pés descalços!
E nesta vida cheia de percalços,
Para muitos..., a pessoa só vale o que tem;
"Abutres" têm suas penas escovadas,
O homem, a sua vida e sua dignidade, destroçadas.
Senis, mancos e moucos;
Perdidos em egos loucos,
Em seus passos poucos,
Não se firmam nem frutificam
Porque são ocos!
Já, os nossos heróis, são esquecidos.
Talentosos e famintos!
Largados no anonimato, extintos.
Trabalhadores "madrugueiros"
Os verdadeiros guerreiros
D'esta pátria!
Os varredores das ruas,
As mães de almas nuas,
De vidas cruas
Nas forças suas,
Por suas crias.
Os pretos, os índios, os pobres;
Os mais nobres
Na pureza d'alma!
E os monstros de olhos azuis,
De peles disfarçadas de nuvens;
Invertem as ordens
E sobem ao "trono" dos heróis,
Mas na hora da verdade,
A sua maldade
Será tão exposta
Quanto decomposta.
Ênio Azevedo