MANADA.

Ando cansado

de dar passo em vão,

dói pés e mente,

a política

é água morro abaixo,

fogo morro acima,

é o medo da babá

que toma conta da criança.

Os dois lados da massa,

que se encontra

nas esquinas,

cada qual sendo escravo,

filhos da mesma sina,

sustentar faminta classe

que lhes cortam

com lâmina fina.

E qual será nosso destino

debaixo deste chicote?

Seguimos a punhos fortes

sofrendo na carne os cortes?

Ou daremos um só grito

e despertamos do sono

e livramos da morte,

a pátria que nos acolhe?

Segue esquerda e direita

caminhando lado a lado,

nesse ensaio da cegueira

que lhes impõem pesado fardo,

tudo bem milimetrado

pra não falsear os passos.

Enquanto segue a manada,

sem saber o seu destino,

tal classe segue sugando

o sangue da morta pátria.

Levamos a cruz adiante,

e as reformas importantes

vão ficando para traz.

Se seguirmos lado a lado

fazendo papel de gado

essa pátria irá sangrar.

Gota a gota vai pingando

nossos sonhos pela estrada,

e a nossa caminhada cabe

a nós mudarmos.

Mas do jeito que está

nossa sina é seguirmos

cumprindo o papel de gado,

rumo ao abatedouro,

levando a carne cansada

de tantas caminhadas,

para a classe sustentar,

enquanto existir cangalhas

e lombos pra sustentar,

segue a classe com enxadas,

enterrando nosso amanhã...

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 03/10/2021
Código do texto: T7355543
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