Minhas mãos furadas
são as: tantas tentativas
de me agarrar num ideal
segurar algum amor...
alguma paixão, oh não...!
Algum vício deixá-los assumir
que jamais voltarão, oh não...
Como um jato ou um avião
meus pés furados sangrando
os pisos do chão; De tanto
segui-las para lá e para cá…
Para... lá... Para...
cá.
Como um cãozinho.
E de repente me enjoar
e me enojar completamente
... minhas costas chicoteadas
pela realidade quando finalmente.
É o Fim, realmente.
me percebo e me atiro
em suas jogadas e começo
a rir… de mim... e de minhas
costas... meus ossos.
Eis que então você me vê
você me lê (agora) e agora
tarde demais, você me escuta
eu sei... que você me adora.
Lá do outro lado da praia
que também pode ser rio
e do rio que é uma praia
e que não é de Janeiro...
Pois já é quaaaase
fim de ano E no mais
um shopping center
previsível, confortável.
E também alguns cemitérios,
e também alguns hospícios.
Eu sou uma coleção de chagas
perébas e feridas, divididas em versos
e em modalidades de textos.
O que fui?
O que sou?
Tentando tanto,
mas NEM tanto
ao relento e escondido
quase um tanto...
Um bocado de tempo.
A missão que lhes deixo
é encontrar algo inteligível
nesta noite em que: o Sopro da morte
nos convidou para deitar mais cedo.
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*02 de outubro de 2020