Da solidão, único amor possível
Lá entre o bem e o mal-me-quer
É mistério, mulher sentada na calçada
Catando os mudos grãos que deslizam.
Braços cruzados sobre a janela
Que se abre para o sim.
E a lua suja, é só carmim
Num céu que nem se mostra.
Sussurro, é dor velada
Solitária
Sob os olhos inquietos e ágeis
Dos que diante da calçada, passam
Sem rumo
A saia é rodada, o querer é resumo
De ditos e não ditos, silêncios que matam
Entre falas e fumo
Figura feérica que só a lua, amante do outono,
Colérica e coberta de abandono,
Consegue decifrar.