Meu silêncio


Silenciei...
Pra que o tempo te traga as respostas,
Pra que o viver te ensine as medidas da vida.
Já bastam tantos desgastes,
Vagando sem fôlego, em pele e osso.

Silenciei...
Já não carecem pedidos, 
A razão ou entendimento...
Nada abranda esse teu amargo 
E encarquilhado coração.

Talvez, um dia, 
O tempo, num sussurro rouco,
Fundir-te-á os neurônios embaçados,
E te trará complacência e
Paz. A serenidade virá.

Silenciei...
Pra que a tua loucura de hoje, 
E que todos perdoarão, 
Seja a fonte do perdão no amanhã.

Silêncio: única resposta,
Quando palavras se diluem no ar,
Quando a cegueira à volta,
Nos impede de prosseguir.

Engulo meu orgulho, me humilho,
Pra que, no meio do silêncio,
Tu ponderes o ruído das dores,
Da absoluta solidão dos exilados.

Silenciei...
Pra que tuas indagações
Encontrem explicações,
Na longa estrada da vida, talvez...
No sibilar silencioso de ventos suaves,
No farfalhar das folhas dos ipês.

Pra que as muralhas na via
Façam-te olhar para trás, retroceder.
Pra que perscrutes, em meio ao breu,
Minha suplicante alma branda.

Silenciei...
Não tenhas medo de mergulhar
Num oceano de porres e luxúrias.
Eles te ensinarão
A dimensão do que se é:
Simplesmente ínfimo
Como grão de areia.
E tão soberbo e gigante
Como um deus no Olimpo.

Sonhos se desvanecem,
Quimeras se diluem
Nos vapores das neblinas
De invernos angustiantes.
Como explicar aos cegos
A consistência das cores da vida?
Fenomenal missão, dar-te a visão,
Por entre súplicas inócuas e vãs.

Silenciei...
Apenas silenciei!
E vi teu ardor de menino,
Tua soberba e ilusões,
Tuas ânsias e ambições.
Não sejamos tão sós, meu irmão!
Não me deixes no chão!
Não sigas assim tão cruel!
Não nesta imensidão!

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                                                   Poetisa: Izabella Pavesi
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Foto: aquivo pessoal