De uns tempos para cá
Ando bem sozinho
Escandalosamente abandonado
A mim mesmo, por ficção
Um passo depois do outro
Cuidado!
Com o aviso que chega de supetão.
Ando bem sozinho
Em navegação nada costeira
Ando desfraldando bandeiras
Sendo cidadão de mim mesmo.
De uns tempos para cá
E cada vez mais e mais
Feito vício de adolescente
Ando sozinho como quem ruge
Apetites indecentes de leão senil...
Em minha urbanissíma selva
O raro não padece sob mira de fuzil...
Ando descaradamente sozinho
De uns sonhos reciclados para cá...
Talvez eu já nem more neste país
Talvez eu nem saiba mais andar.
Crédito da Imagem: https://www.istockphoto.com/br/foto/homem-andando-sozinho-mu%C3%A7ulmana-gm180761085-24790072