Ode à mim mesmo
Meu escrever é turvo,
Não há limpidez!
Só escrevo, rememoro!
Sentimento, e quadras para vocês!
Meu escrever é uma caminhada solitária
Ouço as muitas vozes:
Drummond me chama num verso,
Maneul Bandeira também!
E eu refém!
Nei sei qual é minha bandeira!
Só escrevo as amarguras da alma
Sou um amante introspectivo da vida,
à moda: Clarice Lispector!
Mais um José!
Quixotesco sonhador!
Um Fernando Pessoa, sem ser notado
pelas pessoas!
Que vivem frenéticas nos seus apartamentos,
Conectadas no aparelho celular!
Eu vou camoniando por aí:
" um amor que é fogo e arde sem se ver;
Uma ferida que doi e não se sente"
Eu sou um fiel remanescente,
E o mundo é minha solidão
Carrego dentro de mim, sem carregar
Dores que não cabem mais no coração
Meu celular agora:
Ligado ao fone de ouvido, faz barulho
De máquina de escrever.
Que saudades dessa máquina que nunca tive!
E nem nunca pude ter...