DESIRMANADOS

Dois frutos da mesma árvore,

dois repentes do mesmo gozo,

duas gotas do mesmo sangue.

Cresceram irmanados,

imantado, atados na mesma luz.

Um sabia o que o outro sentia,

temia, ancorava, ardia.

Um sabia onde o outro vagava,

conspirava, ungia.

Daí veio a vida e os desirmanou.

Com seus meandros frios e cruéis,

fez um repelir o outro,

fez um chutar o outro,

fez um se desirmanar do outro.

Cadê as almas fraternas?

Cadê a união eterna?

Cadê as peles se amando,

se entrelaçando,

se cerzindo?

Cadê?...

Assim se fez,

antes eram um só,

agora são dois estranhos,

rudes, insensíveis,

infelizes.

Desirmanados eternos.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/09/2021
Código do texto: T7347826
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