beleza escura
a tenembrosa lembrança
como lepra se espalha
pelas costas da carne
grita, fura, esperneia
seu gozo de bronze sobre
os azulejos do caminho
fogo se lança em perfumes
e faz da vida o farpado
do arame, como amar,
como guardar e não
esquecer a xicara
de vidro, o guarda-chuva,
a chave do carro, a
lembrança colorida
que outrora nos enchia
de vida, chove, o céu
está escuro, é como se
um comovente natimorto
desse algum suspiro,
será a varada assim ou
é a coroa quando a cara
da moeda já foi desgastada?
andei por entre os balaústres
de cristais, mas em
sua beirada, apenas os
homens que não sabiam do
sol nascente, da beleza
dos pássaros, das cascatas
de folhas que deixa a
floresta mais vibrante,
víboras, silencioso
paradeiro que nos enforca,
cobra e sua delicia
a escorregar perante
a presa, os dentes,
a cabeça, a boca a
desembolsar a língua
fina e partida, é
belo ver um tempo partir