TARJADO
Reutilizo o poema feito um artifício
para alojar os meus versos rangidos,
osso a osso, dente a dente — no ruído
das mandíbulas aflitas do bruxismo.
Escrever assim neste estado de espírito
é investigar o verbo que, no infinitivo,
acenda a labareda e destile o absinto
dos desassossegos que agora eu sinto.
Inspiro. Expiro. E prendo soluços tremidos.
Tomo a drágea — o único abismo que avisto.