Cinco da manhã

Às cinco da manhã, todo o romance está morto

e acabado,

quando a embriaguez evaporou pelo suor,

e os olhos se abrem

feridos pelos primeiros raios do sol

e da realidade.

Pelo menos era assim,

nos dias em que eu rasgava a cidade

em busca de um pedaço

de qualquer coisa

que perdi de mim mesmo.

Quantas vezes, eu já acordei

fragmentado

entre lençóis de camas

em que nunca mais iria me deitar?

Quantas vezes eu ainda irei

cair,

e me levantar,

todo espatifado

só pra continuar caindo?

O romance está morto e enterrado

Mas eu já me acostumei

com a grama crescendo

sobre a lápide

como um tipo de prêmio

de consolação.

E enquanto o mundo segue sufocado

do lado de fora

Eu prendo a respiração

e penso nos lençóis, camas e corpos

devassados

que desfrutei,

e me pergunto,

se apenas fingi

ou se de alguma forma

os amei.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 16/09/2021
Reeditado em 16/09/2021
Código do texto: T7343485
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