Sobrevoar, sobre voar!
Aprender a voar, bater as asas em direção ao horizonte, ainda que o destino, por vezes, pareça distante, voar.
Sobrevoar… sair do ninho, correr os perigos que aparecem no caminho, perceber os encantos, as miudezas reveladas, abraçar as oportunidades como passarinho vivendo no mundo a fim ter encontros e, provavelmente, muitos desencontros com o outro, se lançar no abismo das incertezas, ainda que não se saiba como será o futuro. É sobreviver no mundo, ou melhor, é sobre viver no mundo! A vida não é isso!?
Só se aprende a voar flertando com o precipício, assim como amar, que só se aprende amando, ora caindo, ora levantando. Talvez alguém até lhe diga: voar é arriscado. E prontamente, você responde: e ficar parado?! Isso vai me custar caro!
Voar assim como viver é uma experiência singular, inigualável, por vezes, temida e angustiante, com alegrias vistas a céu aberto, ou ainda tristezas tempestuosas e solitárias quando o mesmo céu se fecha.
Como passarinho, não posso esquecer nunca de ecoar o canto pelo mundo, inscrever a letra que incide a poesia do cotidiano, sobrevoar cada espaço onde desejar, retornar quando precisar de abrigo, recomeçar quantas vezes for preciso, e quando o outro desejar em nosso ninho pousar, poder encontrar afeto e aconchego.
Obrigada, nobre passarinho, por despretensiosamente me lembrar, que ninguém aprende a voar se não sair do ninho.