VOLÚVEL

Os meus olhos singram o mar da tarde

cinza, pouca de cor e espessa da neblina

que sobrevoa os silêncios deste domingo,

onde os minuanos movimentam os ares

— e as sombras engomam a gola do linho.

No rasante vejo quem se esconde do fato

e leio as maledicências nos pergaminhos

dos homens que não veem o dia que parte.

O poema é uma engenharia muito delicada.

Versos e poesia transam, mas ela não casa.