Cerrado

À sombra do pequizeiro

Delirei a vida a sonhar

No uivo do guará faceiro

Chora o meu recordar

Nos galhos tortuosos

Brotam as saudades

De cheiros maravilhosos

De infância, alacridades

Tem gosto de gabiroba

Aridez do sol a rachar

Vigor doce de mangaba

Buritis a nos sombrear

Constrói o João de barro

Nostalgias em todo lugar

O vaga-lume tão bizarro

Ilumina o meu poetar

O horizonte é sem fim

Onde põe a lua a repousar

Lobeiras talham o jardim

Das savanas a enfeitar

A arapuá em sua cabaça

Ornam o beiral do passado

Ipês em flor pura graça

Desenham o meu cerrado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

22/03/2011, 17’07” – Rio de Janeiro, RJ

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 11/09/2021
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