SOBRETARDE

espera a noite, que meu dote são estrelas

Mariana Machado de Freitas, em Reflexo

Espera a noite alta ali no véu arroxeado

do hemisfério… Espera e abra as janelas

no ato da cortina que engravida da rajada

ríspida na cesárea desta manhã berinjela.

Espera a coreografia crua da minha língua

à noitinha quando estiver entre a cavidade

do queixo contra o nervo agudo da espinha:

e terei os leites que afundarão na sua carne.

Espera a lagarta. E a crisálida. E a borboleta.

Seu é o meu céu. E trago um dote de estrelas