Estranhismo
Que, coisa!
Sentipensar é trabalho.
Dá uma canseira.
Cê precisa de ver.
Mas, você não vai ver.
Demoro de aceitar que você não vai ver mesmo.
E é isso que me causa profundo estranhismo.
Fiquei na dúvida se seria estranhamento o correto a usar.
Preferi estranhismo, combina mais com o que sinto.
É novo. É diferente. É incomum.
Embora tenha sido tão comum nestes tempos.
Te espero.
Quando o que quero é só te ver de novo.
Como no sonho que tive essa noite.
Sorri de canto a canto quando te fitei de longe.
Continua lindo, o cenho franzido, o espanto ao me ver.
Foi sonho.
Podia não ser.
Tá uma dureza do lado de cá.
Dureza igual, me dizer todo santo dia que a gente não vai ser.
Eu digo, repito que a gente, já não é a gente mais.
Daí, depois tô lá te vendo em sonho.
Eta, que esperança é bicho insistente.
Que nem eu.
Teimoso que dói e que chega.
Mas, a gente vai indo.
Vivendo o estranhismo que é amar de longe.
Até o dia que algo mude, se dissipe, ou se transforme.
Amar até que o amor acabe.
Ou que tendo amado tanto, se gaste, desgaste e vire outra coisa.