O CONVITE
 
Percebo certa decepção
Nas folhas desertas do meu diário
Elas não suportam mais
Mais um registro da minha solidão.
 
Mais um dia e a rotina de sempre
A cada passo um fracasso
E essa mania de amar
Quem sequer me dá atenção
Chega a me dar cansaço.
 
Meu diário, escravo dos meus lamentos
Aguente firme que um dia isso passa
Qualquer dia ela vai perceber
Que eu sou o prazer que ela caça.
 
Percebo que hoje vou escrever
Sobre charme e o perfume que ela deixa
Pelos corredores do nosso prédio.
Tento garimpar esperanças no tédio
E não fazer ao destino mais uma queixa.
 
Minha mão trêmula e a lapiseira aos gemidos
Vai avançando pelas linhas opacas
As lágrimas em meus olhos me fazem ver
O quanto eu sofro de amor não correspondido
Mas o que eu deixarei em ti escrito
Meu diário tão querido
Expressa o que eu não consigo
Dizer em um grito.
 
A janela aberta é um convite
E ainda que meu peito não grite
Minha voz ecoará em suas folhas
Meu infortúnio e minhas escolhas
E toda minha vida escrita a grafite.
 
À espera de um convite dela
Por mais uma noite
Recusarei o convite da janela.

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 08/09/2021
Reeditado em 18/09/2021
Código do texto: T7338032
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