flores e fuzis

flores e fuzis

a pétala

a lágrima

o tiro

o eco certo no incerto deserto de homens cadáveres ambulantes que perambulam se anulam e ovulam ódio em seus úteros bastardos

na feiura de sua existência penitencia de loucos

penitencia que usurpa e insulta

os fuzis a postos depósitos de suas consciência perenes

à flor

às flores

a flor

o fuzil

os fuzis

as miras

a raiz

a seta certa incerta e ágil

no apanagio de dores

que fazem sorrir nas miragens

dos escombros de sustos nos subsolos cavernosos

das ignorâncias volúveis

os fuzis na mira certa

o sangue que sangra invisível

que sangra em silêncios

as flores nos esconderijos e rincões

de palavras e palavreados sem donos

sem nomes

sem sentidos

atônitos

atrativos de demências

absolutas e obsoletas

em letras cravadas na memória do tempo

ah! as flores

ah! os fuzis

e tu ?

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 07/09/2021
Código do texto: T7337323
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