Amarelos e empoeirados

Caminho amarelo corre,

Passeio pensado fica,

Ilusão persuadida cresce,

Sonho impávido sobe.

Destarte estar tão perto

Vê a pequena e macia flor

Não se assusta por ter seus anseios

Intensifica por perceber cada cor.

Caminho amarelo que fica,

Debulha e ferve sem dor

Pendura sua vida em seus calos

E corre por meio da cor.

Joga seu próprio baralho,

ainda que com nada ou sem quem,

Descarta as cartas mais altas

Pra ter pedir benção à ninguem.

Convoca o tempo das cores,

E sobe por meio o ar seco.

Descobre os mesmos percalços,

Vislumbra o mesmo setembro.

Caminho amarelo que vai

E leva por ora o momento,

Por ontem leva-se os cascos

E esconde os mesmos tormentos.

Caminho amarelo que vai,

Que leva consigo a poeira,

Que deixa pra nós seus sinais,

Da esperança certeira.

E no fim tudo foi graça,

De um amarelo em meio a secura,

Que confirmou a tão rara beleza,

De uma época de pura ternura.

E no fim por momento a partida

Para o ano que vem e ao que finda

Dos velhos e novos ipês

Resignificam os espaços da vida.

Claudemir Evangelista
Enviado por Claudemir Evangelista em 02/09/2021
Código do texto: T7334115
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