Amarelos e empoeirados
Caminho amarelo corre,
Passeio pensado fica,
Ilusão persuadida cresce,
Sonho impávido sobe.
Destarte estar tão perto
Vê a pequena e macia flor
Não se assusta por ter seus anseios
Intensifica por perceber cada cor.
Caminho amarelo que fica,
Debulha e ferve sem dor
Pendura sua vida em seus calos
E corre por meio da cor.
Joga seu próprio baralho,
ainda que com nada ou sem quem,
Descarta as cartas mais altas
Pra ter pedir benção à ninguem.
Convoca o tempo das cores,
E sobe por meio o ar seco.
Descobre os mesmos percalços,
Vislumbra o mesmo setembro.
Caminho amarelo que vai
E leva por ora o momento,
Por ontem leva-se os cascos
E esconde os mesmos tormentos.
Caminho amarelo que vai,
Que leva consigo a poeira,
Que deixa pra nós seus sinais,
Da esperança certeira.
E no fim tudo foi graça,
De um amarelo em meio a secura,
Que confirmou a tão rara beleza,
De uma época de pura ternura.
E no fim por momento a partida
Para o ano que vem e ao que finda
Dos velhos e novos ipês
Resignificam os espaços da vida.