Eu e mil mares
Na bruma do silêncio,
Hei-de sucumbir,
Na sombra do vento,
Nas catacumbas da minha alma,
No deserto dos meus olhos,
Na tristeza dessa chama,
Entre as rosas e espinhos,
Hei-de sucumbir,
Nos meus enigmas
No estigma da minha pele,
Na paixão e seus magmas,
No nó da garganta com sede,
Hei-de sucumbir,
Talvez, apenas restará saudade,
Da voz do grito sem liberdade,
Hei-de voar,
Sem que a ilusão se aperceba,
Hei-de exaurir,
As dores da solidão,
Sem que razão possa existir,
E me prenda o coração,
Hei-de sucumbir,
Nos frutos não colhidos,
Nas sementes não brotadas
Hei-de sucumbir,
Nas beiras das estradas,
Sem deixar trilhos
Para que possam seguir
Nem perfuma no ar,
Para que o possas cheirar,
Serei onda sem a(mar)
Serei terra, serei pó,
Sal sem gema,
E sem espuma,
Serei múmia,
Inocência perdida,
Na nota de um fado,
Que desvanece na sinfonia,
Serei fardo,
Onde partirei entre,
O eu e mil mares (...)
(M&M)