O riso é a libertação da "seriedade"
Percebo que a mulher
É a utopia de criança,
E como toda utopia,
Vive sozinha,
Como uma verdade por dentro,
E uma negação do externo;
Como toda utopia é uma abnegação,
O realismo é aceitação de um não eu.
Sendo eu estes versos, o que não sou?
Já não sou o que penso e digo o que creio no momento;
Sendo aqueles o não eu, o eu o que seria?
Por que tanta condicional?
Qual a necessidade de um arranjo causal?
Sinto como se estivesse vivo apenas para mim,
Mas sinto-me morto para a vida,
O vitalismo do sangue pulsando em meu corpo,
A inércia do meu movimento natural,
A monotonia de analíticas em versos.
Sinto como se tudo fosse uma repetição,
Com pequenas diferenças, mas sempre retornando ao mesmo,
A destruição da esperança,
Disrupção do "ser" utópico,
A reafirmação da supremacia do mecânico,
O que funciona.
Sento-me em uma cadeira de nuvens,
Toco em pássaros que é foguetes;
Identifico as constelações,
Calculo as suas órbitas e penso no que sou em relação ao fazendo;
Discurso para mim em um vai e vem
De esperanças, como o pêndulo.
Não há salvação para aquilo que é,
E aceitar uma natureza impotente é
o equivalente a pular de um prédio crendo que vai saltar voou,
A nossa própria condição nos impossibilita
a aceitação, o máximo é autoconvencimento,
Ludibriação de um encéfalo maior do que o necessário que gera o câncer da razão,
E nos destrói ao nos impossibilitar de agir no mais fiel instinto;
Esta é a tragédia cômica do homem.