Um poema estranho
Um poema estranho
Com estranhas marcas
Ruídos medonhos
Secretos códigos
Súplicas embutidas
Rimas retiradas
Fôlego suspenso
Letras emparelhadas
Signos disformes
Um poema ocre
Borrado de sangue
Inundado de desejo
Concreto em sua ilha
Dedilhado pouco a pouco
Até não sobrarem dúvidas
Aquele era o poema
Que não ia ser acabado
Verso abandonado
Na cidade das falências
Um verso não vale nada
A palavra é letra morta
Pouco importa o que se diz
A morte comanda tudo
Ninguém precisa disso
Mas o poema gargalha
Louco feroz e disforme
Em sua existência inconcebível