A POESIA QUE EU QUERO

eu quero uma poesia embrionária
sem contornos definidos,
calcada em fatos corriqueiros
poesia de carne e osso,
de caras e bocas,
de gritos sufocados,
conflitos não resolvidos,
sem razão e sem motivos,
sem citações literárias
por vezes desconhecidas
sem grilhões e liberada,
e não incensada ou cultuada
pelos acadêmicos das palavras,
multifacetados cacos do cotidiano
retratando uma poética não rebuscada
mas de grande carga emocional
essencial à percepção da fragilidade,
uma poética pé no chão e irrestrita,
profunda em sua essência
mas que seja entendida
sem necessidade
de consulta ao dicionário,
sem citações canônicas,
simplesmente poesia
impregnada de sensibilidade
e acima de qualquer suspeita!

AC de Paula