Contradição
Eu abandonei muita coisa, mas insisto nesta minha teimosia de compor sentidos em escrita.
Eu abandonei muita coisa, mas continuo indigesto quanto ao mundo, o vulgo das imagens.
Eu abandonei muita coisa, mas continuo na ânsia do ininteligível não ser nada a mais que infância.
Eu abandonei muita coisa, mas no tangível permaneço a não ser.
Eu abandonei quase tudo, mas não a procura de uma melodia perfeita.
Eu abandonei muita coisa, mas continuo no caminho do supremo na imanência, quando a consciência eleva-se até o feito sublime, que se eterniza.
Eu abandonei quase tudo, mas continuo na busca do perfeito, eterno e suprassensível apenas em linguagem ou não.
Eu quase certamente abandonarei tudo, para manter-me com isto que ao certo não sei o que é.
Criado: 27/08/2021