Inflamável
O crepitar da chama marca o lampejo de um momento
E como o fogo, que se consome em si mesmo,
O que entre dois queima está ao dispor do tempo.
Da urgência do toque submetido às intempéries
E das nuvens de fumaça oriundas dos suspiros
Findo o gozo, restarão apenas as cinzas refulgentes
Do encontro cego entre corpos ardentes.
E como o fogo ora apaga e a pele ora esfria
Não se pode viver somente de intensidades.
O que inebria no contato incendiário
É sobretudo a sutileza da sua brevidade…
E tal qual sucedem as fases de um império
Também o desejo tem na finitude seu domínio.
A história se repete, não há nenhum mistério:
Início; expansão; apogeu; declínio.