Inflamável

O crepitar da chama marca o lampejo de um momento

E como o fogo, que se consome em si mesmo,

O que entre dois queima está ao dispor do tempo.

Da urgência do toque submetido às intempéries

E das nuvens de fumaça oriundas dos suspiros

Findo o gozo, restarão apenas as cinzas refulgentes

Do encontro cego entre corpos ardentes.

E como o fogo ora apaga e a pele ora esfria

Não se pode viver somente de intensidades.

O que inebria no contato incendiário

É sobretudo a sutileza da sua brevidade…

E tal qual sucedem as fases de um império

Também o desejo tem na finitude seu domínio.

A história se repete, não há nenhum mistério:

Início; expansão; apogeu; declínio.

pedro toscan
Enviado por pedro toscan em 26/08/2021
Reeditado em 19/01/2023
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