III

Em teu olhar esquálido, aflito,

pungente

naveguei pela infinitude do

Agora que carrega medos e

aflições do espírito

Que não se esclareceu

E incompreende a dor

e a morte.

Incompreende o dissipar fugaz do ser

que pouco antes d'alvorada veio à luz.

Espírito meu, este, que percorre

os espaços, buscando

Respostas

E percorre lábios,

Buscando conforto,

E percorre palavras

Buscando resguardo.

E, 'inda que tanto põe-se a aprender:

Pois que reconhece saber menos que o nada:

vê-se tão cheio de nuvens.

Teu vômito fecaloide

me roeu o repouso angelical

Longe de expiar-me a mim!

Pela visão do sofrimento.

Caiu, meu encanto,

No desencanto da humanidade desmistificada.

Teu rosto sem cor,

D'onde se esvaece o último sopro

Da vida,

Tomou-me nos braços como a criança

Que pela primeira vez sente

no peito o romper da

solidão, pois que

Teus gritos, mudos ao festim do mundo,

Não anunciam o estar de teus guias invisíveis:

E chora, agarrada à manta fria,

Que logo se esquenta

Pelo calor de teu próprio corpo miúdo.

Espantei-me com a agonia

da folha seca,

Caída, que se não mais

Agarra ao tronco vigoroso e fleumático

E, agora, matéria será do húmus

Da terra.

Enquanto a súplica dos teus olhos aflitos

E espantados

Me atravessavam a lança afiada ao peito:

A mulher, firmada ao sol de nossos ombros

Transmitindo a força e o acolhimento de

mãe Maria

Nos embalava com a

estória dos tempos antigos.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 24/08/2021
Reeditado em 24/08/2021
Código do texto: T7327277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.