DO CERTO AO QUASE

Do certo ou quase.

As coisas que desconheço por dentro.

Os ventos se despedem deste lado da vida,

Os sonhos sem despertar desafiam a eternidade.

Sou quase a metade de mim,

Como as dúvidas do aprendiz

Que fecha a porta do conhecimento

E deixa os pensamentos para trás.

Nem a ingenuidade da Vênus nua

Apenas com a timidez das mãos

Acena para a intimidade

Do corpo à integridade da alma.

Não sei se vivo no chão ou na lama.

Ao espiar a cama vazia

Sinto o frio queimando a minha pele,

Estou vestido apenas de aquarela.

Janelas que separam o dentro e o fora,

Embora o fosco da vidraça

Embacem qualquer sentido de esperança.

A criança ainda chuta as poças de lama

Sorrindo às coisas que não cabem sentido.

Tenho vivido como a estátua imóvel

Que a tudo observa em silêncio

Mas sabe que o tempo irá romper a pedra

Até que a morte, certamente, ou quase,

Reinará absoluta sobre a vida.

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 20/08/2021
Código do texto: T7325099
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