DO CERTO AO QUASE
Do certo ou quase.
As coisas que desconheço por dentro.
Os ventos se despedem deste lado da vida,
Os sonhos sem despertar desafiam a eternidade.
Sou quase a metade de mim,
Como as dúvidas do aprendiz
Que fecha a porta do conhecimento
E deixa os pensamentos para trás.
Nem a ingenuidade da Vênus nua
Apenas com a timidez das mãos
Acena para a intimidade
Do corpo à integridade da alma.
Não sei se vivo no chão ou na lama.
Ao espiar a cama vazia
Sinto o frio queimando a minha pele,
Estou vestido apenas de aquarela.
Janelas que separam o dentro e o fora,
Embora o fosco da vidraça
Embacem qualquer sentido de esperança.
A criança ainda chuta as poças de lama
Sorrindo às coisas que não cabem sentido.
Tenho vivido como a estátua imóvel
Que a tudo observa em silêncio
Mas sabe que o tempo irá romper a pedra
Até que a morte, certamente, ou quase,
Reinará absoluta sobre a vida.