OS SEUS ABRAÇOS
De braços abertos
aos seus abraços
meu peito confessa repousar
um bálsamo em meu corpo
firmam meus pés medrosos
aos pescoços que também se inclinam
para os lábios poderem se tocar
como uma onda do mar
que luta nas areias se banhar.
Nos abraços, almas se entregam
oferenda divina e magistral
como aquele que tece a melodia
no dedilhar ao braço do violão
a procura da cadência final
em cada sacudir das cordas
na tapeçaria complexa do coração.
Não tenho mais seus abraços
quando a noite enfeita a janela
o poema se torna escasso
e até me foge Orfeu
resta-me a imbatível espera
encontrar os abraços seus
em sonhos, na minha entrega
aos braços de Morfeu.